Sunday, January 20, 2008

E o mais importante são as pessoas...


Davidien, italiano, 30 e poucos anos. 3 anos atrás vivia em Inglaterra a vender produtos italianos a restaurantes. Farto de viver para o trabalho despediu-se foi fazer voluntariado para o México. Foi aí que conheceu Dawn, a actual companheira. Voltaram para Inglaterra para ela acabar os estudos enquanto ele trabalhava num restaurante. A monotonia voltou a atacar então Davidien resolveu vender tudo o que tinha e partir com a namorada. Estão a viajar à 1 ano e meio pela Ásia, e pretendem continuar a fazê-lo enquanto houver dinheiro.

Conheci o Davidien em Thorung High Camp, no Nepal, a 4800m de altitude, à volta de uma mesa e um aquecedor. Bastante simpático e falador, passámos a tarde a a conversar, beber chá e jogar às damas e às cartas. Eles estavam retidos pela neve no High Camp e no dia anterior ele tinha partido um dente numa avalanche. Planeavam subir e fazer o pass no dia seguinte mas estavam equipados com ténis e casacos de lã. Mas fizeram o passe à mesma, com sacos de plástico a proteger os pés e meias a servir de luvas. Encontrei-os novamente em Muktinath, cansados mas bem dispostos como sempre. Combinámos um chá nessa noite mas desencontrámos-nos. Nunca mais os vi. Soube no dia seguinte que ele tinha sido mordido por um macaco e foi obrigado a ser evacuado para Jomoson. Que péssima maneira de terminar o trekking.

São estas e outras pessoas que fazem qualquer viagem ainda mais especial e que me leva a evitar viajar em grandes grupos. Como a holandesa que se despediu do trabalho como gestora de marketing e veio para a Índia trabalhar numa ONG em nome de Deus. Ou o casal alemão que decidiu vir fazer a lua-de-mel a andar 16 dias, e que chegam todos os dias aos refúgios com uma cara de sofrimento enorme. Ou o casal francês que só conseguiram voo até Delhi então fizeram o resto do percurso até Kathmandu num autocarro, durante 60 horas. Ou as israelitas, o austríaco, o australiano ou a neo-zelandesa. Ou o nosso amigo Johannes, o alemão que nos acompanhou quase desde o 1º dia na montanha.

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