Tuesday, July 25, 2006

No Reino das Laridae



O calor desta altura do ano convidava a praia e água, não a montanha. Como tal, foi de bom grado que aceitei o convite para ir até as Berlengas. Perto das 8h já eu estava junto à praia da Consolação (esta é a parte chata da coisa, ter de acordar as 6e30 a um Sábado). Como o barco para as Berlengas só estava agendado para a parte da tarde, a manhã estava reservada para um passeio pedestre entre a praia da Areia Branca, e a praia da Consolação.

O passeio foi engraçado, cerca de 10km por entre praias e falésias. Propositadamente evitámos as praias congestionadas pois não queriamos assustar os banhistas, já que não é normal um grupo de quase 30 pessoas equipadas de botas e mochilas atravessar uma praia em pleno Verão. Ainda alguém nos podia confundir com o pessoal do arrastão do ano passado (apesar da nossa cor pouco bronzeada)... A um ritmo lento lá nos fomos aproximando do fim do passeio. O grupo era tão heterogeneo que por vezes era desesperante tentar andar normalmente e ver o pessoal quase todo a ficar para trás. Com o guia preocupado em não deixar ficar ninguém para trás várias vezes assumi a liderança do pelotão. Claro que aproveitei para por um pouco de dificuldade na coisa e escolher uns caminhos mais íngremes ou com mais cascalho. Por volta das 14e30 la chegámos ao fim do passeio.

Tempo de seguir para Peniche para apanhar o barco. Escolhemos ir no "Julius", um barco de pesca desportiva com capacidade para 30 pessoas. Bastante mais pequeno (e mais caro) que o barco que faz a "carreira" normal, providencia uma viagem mais agradável, sem termos de aturar as famelgas com as marmitas, sombrinhas e putos irritantes, mas também é mais propenso ao grego. Felizmente o mar estava calmissimo nesse dia e ninguém se bolsou. O percurso até à ilha demorou cerca de 40min e serviu principalmente para recuperar do caloraço que tinhamos apanhado até então.

Dizer que se vai às Berlengas é um pouco errado. As Berlengas é um arquipélago constituido por 3 ilhéus, incluindo a ilha da Berlenga Grande, que é a única habitável e visitável por meios convencionais. Este arquipélago de formação granítica encontra-se a cerca de 10km da costa portuguesa, apesar de já ter feito parte do continente, como provam alguns fósseis encontrados bem como alguma da fauna existente (casos da Lagartixa de Bocage e do Sardão). Como curiosidade, a Berlenga Grande é considerada a 1ª área protegida do mundo, já que desde 1465 que é proibido qualquer tipo de actividade de caça. Actualmente encontra-se inserida na Reserva Natural das Berlengas.

Chegados à ilha fiquei um pouco espantado por ver tanta gente. Imaginava uma ilha quase deserta, não uma confusão de gente e barulho. Ainda por cima a zona de praia tem praí uns 50m de extensão, que fazem centenas de pessoas lá não consegui perceber. Afastámo-nos um pouco desta zona mais balnear de modo a passear um bocado na ilha. Entrámos então verdadeiramente no Reino das Gaivotas, é impressionante os milhares (ou dezenas de milhar) de animais destes que existem na ilha. Pequenas, grandes, bebés, machos, fémeas, ainda dentro do ovo, nunca tinha visto tanto bicho deste junto. E fazem um chinfrim do caraças, quase ensurdecedor. Uma fisga ou pressão de ar aqui é que era. Para mim isto é uma praga e devia ser controlada, se matam os ratos com asas em Lisboa também podiam matar alguns destes animaizinhos, antes que eles deem cabo de toda a restante fauna da ilha.

Depois de contornarmos a ilha chegámos ao Forte de S. João Baptista, construido no sec. XVII no contexto da guerra da Restauração da Independência. Actualmente funciona como refúgio, permitindo a pernoita por cerca de 9€. Tem ainda um café/restaurante onde alguns de nós fomos beber uma bejeca. Para terminar o dia nada melhor que um mergulhinho nas águas azuis e límpidas, apesar de geladas, do oceano atlantico. Esta zona é bastante procurada por amantes do mergulho, pois existe um conjunto vasto de fauna e flora subaquaticas. Por fim, e antes de voltar para o continente, ainda faltava uma visita de barco às grutas, mas por preguiça (e sede) resolvi ficar a beber imperiais com o guia.

Chegámos a Peniche cerca das 21e30 e ainda tinha quase 1e30 de viagem até casa. Um dia longo mas muito revigorante para corpo e mente.

Ahhhh, e não apanhei com nenhuma cagadela de gaivota na tromba...

Podem ver as fotos em:
http://lbaia.fotopic.net/c1032635.html

1 Comments:

Blogger Eva Gonçalves, PhD Sociology said...

Com tanta Laridae que por lá há, tiveste muita sorte!

8:56 AM  

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