Monday, October 16, 2006

Tallinna - Eesti, part II (ta quase, so falta mais uma)

Definitivamente tenho de moderar o meu ritmo a visitar cidades. Ok, a cidade antiga parecia maior nos guias, mas terminar à hora de almoço de ver tudo o que tinha planeado para o dia inteiro é algo estranho...

O que atrai os turistas a Tallinn (além da noite mas isso fica para adiante) e que levou a cidade antiga a ser incluída na lista de patrimonio mundial da UNESCO é a sua cidadela fortificada medieval com um conjunto impressionante de igrejas e edíficios, alguns datados do séc. XIII e em excelente estado de conservação. Estima-se que desde o séc. XI exista um posto mercantil na zona que hoje se denomina por Toompea. Quando no séc. XIII o papa ordenou uma cruzada contra os povos pagãos do Báltico, alemães e dinamarqueses atacaram a cidade, tendo estes últimos em 1219 conquistado a cidade, dando-lhe o nome de Taani linn, que significa "cidade dinamarquesa" em estónio. No séc XIV a cidade foi vendida à ordem Teutónica e assim se tornou um importante membro da liga Hanseática, servindo de rota mercantil entre a Rússia e o ocidente. No séc. XVI a Estónia era disputada violentamente por Rússia, Suécia, Dinamarca e Polónia, tendo por fim a Suécia conquistado a cidade e mantendo a paz interna até ao séc XVIII, altura em que o russo Pedro o Grande voltou a conquistar o país, tendo-se mantido num regime de quase escravidão até ao inicio do séc XX.

Os highlights da cidade antiga foram para mim a praça central (Raekoja Plats), centro nevrálgico com a sua camara municipal e inúmeros cafés e lojas; as vistas do topo da igreja de St. Olaf (apesar que tudo tem um preço, e neste caso são os 280 degraus numa escada de pedra em caracol); e a catedral ortodoxa de Alexander Nevski, estrategicamente constrúida no cimo de Toompea para demonstrar o poder russo no séc. XIX.

O que gostei menos acabou por ser a qualidade (ou melhor, falta dela) dos museus locais. Minúsculos e básicos, era díficil aguentar mais de 5min em cada um (aqui também está uma pequena justificação para a rapidez com que vi a cidade). O único que ainda se safava era o da ocupação, que focava a ocupação russa no séc XX, com bom material informativo e um excelente conjunto de memorabilia russa. A questão russa é bastante sensível para os estónios. Desde sempre muito mais próximos dos finlandeses (a nível de religião e língua, dando apenas dois exemplos) os estónios sempre viveram oprimidos detrás da cortina de ferro. Quando a então URSS começou a entrar em declínio a revolta dos estónios aumentou, tendo este país sido, em conjunto com Letónia e Lituânia, um dos motores da contestação que levou ao desmantelamento da URSS em 1991. Agora a Estónia pertence à UE, sendo actualmente um dos países com maior taxa de crescimento (cerca de 11% em 2005). Paradoxalmente, os 30% de russos que habitam o país não tem direito de voto.

Depois do almoço estava a pensar o que fazer mas uma forte chuvada facilitou-me a decisão, e fui enfiar-me num bar a beber cerveja e a ler um pouco (mas desta vez não fui masoquista e decidi beber uma cerveja belga). Um pouco mais tarde decidi passar pela tal "Casa de Portugal". Para minha surpresa não estava lá nenhum Zé Bigodes chamado Manel Amândio mas sim uma bonita rapariga local que me explicou que a casa pertence a um português que se radicou aqui na Estónia há cerca de 2 anos e montou o negócio além do seu trabalho normal, para dar a conhecer alguns dos produtos portugueses de qualidade. Nas prateleiras via-se café, azeite mas principalmente muito vinho de qualidade. Ela disse-me que os portugueses por cá são poucos mas que muitos dos vinhos (principalmente do Dão e do Esporão) têm muita procura por parte de turistas e restaurantes locais. Gostei de ouvir isso...

Quando sái do hotel à hora de jantar percebi porque o guia Lonely Planet considera que uma das coisas boas de Tallinn é estar perto de Helsínquia mas uma das coisas más é estar demasiado perto de Helsínquia. Pouco mais de 1h de ferry a ligar estas cidades faz com que hordas de suomis invadam Tallin aos fim de semana, em busca de bebida barata e da beleza das locais. Pior que eles só os ingleses, que também são aos magotes, muito devido aos voos low-cost da Ryan Air e Easy Jet. Bem, mas esses são uma praga por todo o mundo.

A oferta nocturna pode-se dividir em: pubs ingleses/irlandeses (entrei num por engano e bati o meu recorde de velocidade a beber uma pint para conseguir sair de lá); pubs locais com um bom compromisso entre estónios e turistas, cafés lounge muito em voga pelo pessoal mais in, e no fim da noite acaba tudo em discotecas do mais variado tipo.

Para comer as opções são MacDonalds e afins, os já falados pubs locais que oferecem comida razoável a preços abaixo dos 5€ e os restaurantes propriamente ditos que (pelo menos no centro) têm tendencia a ser caros (pratos entre 10 e 20€) e nada de especial. A comida estónia é muito à base de carne, muito pesada e pelo menos a mim não me deixou saudades.

A noite passou-se, com muita cerveja e algumas tentativas frustradas de travar conhecimento com as locais. Não é fácil quando o ingles é tão rudimentar que se resume a "Yes", "No" and "Where are U from". Isto juntando ao barulho da música torna as coisas complicadas...

4 Comments:

Blogger Eva Gonçalves, PhD Sociology said...

Poderá dizer-se então que não tiveste sucesso em Tallinn ... :P

10:12 AM  
Blogger Zozobra said...

Ainda não leste a 3ª parte do Travelogue ;-)

10:18 AM  
Blogger Jingas said...

finalmente...então arranca para a terceira!!

10:45 AM  
Blogger Eva Gonçalves, PhD Sociology said...

Ok, então fico à espera da parte III!

11:37 AM  

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