Wednesday, January 17, 2007

4 Dias 4 Países


Cheguei a Bruxelas no sábado de manhã com o objectivo de participar numa reunião na segunda-feira em Lille, no norte de França. Até lá há que passar o tempo.

Peguei no carro de aluguer e conduzi para leste, atravessando a Bélgica sob um céu cinzento que ameaçava chuva. Atravessei a fronteira com a Alemanha e cheguei à pequena cidade de Trier, a mais antiga do país, atracção turística pelas suas ruínas romanas, incluindo o anfiteatro, a mais antiga ponte romana desta zona ainda com transito, os banhos romanos, a basílica de Constantino e a Porta Tigra, que antigamente servia de entrada à cidade. À parte das atracções romanas é uma cidade tipicamente da europa central, com as suas casas medievais e igrejas góticas. Bastante animação e movimento nas ruas, talvez motivados pela época de saldos e pelo tempo agradável (o que para aqui entenda-se sem chuva e com temperaturas superiores a 0ºC). Uma agradável surpresa para mim que nunca tinha estado na Alemanha sem ser em trânsito.

Saí de Trier e em cerca de meia hora pus-me na cidade do Luxemburgo, capital do país com o mesmo nome, conhecido em Portugal por ter uma população com cerca de 30% de emigrantes tugas e ao mesmo tempo os mais elevados níveis de produtividade e de rendimento per capita da UE, um paradoxo que muitas teses de doutoramento já tentaram explicar sem sucesso. Cheguei já era noite cerrada (6 da tarde) e facilmente dei com o pousada da juventude onde iria pernoitar, um edíficio moderno e funcional junto às ruínas das muralhas da antiga citadela. A cidade evoluiu em torno destas muralhas, construidas sobre penhascos que se elevam cerca de 70m acima do rio, o que durante a idade média a tornou uma das bases militares estratégicas mais importantes do império austriaco. No passeio que dei antes de jantar percorri as íngremes, estreitas e e desertas ruas que, em conjunto com a fraca chuva e a iluminação antiga dão um aspecto fantasmagórico e atraente à cidade. Mas se por um lado me agradou esse cenário "gótico" da cidade, fiquei algo desiludido com a escassez de pessoas nas ruas, restaurantes e bares do centro. Não me lembro de alguma vez ter estado na capital de um país e num sábado à noite se encontrar deserta. Só posso deduzir que é uma cidade de trabalho marioritariamente habitada por estrangeiros a trabalhar nas inúmeras organizações europeias, e que ao fim de semana viajam aos seus locais de origem. Nem portugas consegui ver, uma desilusão.


Extremamente cansado por um dia tão longo, comi qualquer coisa e regressei à pousada para descansar na camarata que partilhei com um russo, professor de política aqui à procura de trabalho, um eslovaco que trabalha em Bruxelas e estava cá de fds, um italiano que andava a passear pela Europa, um japonês que não falava ingles e só se ria quando falavamos com ele, e outro gajo qualquer que esteve sempre dormindo. Tudo pessoal fixe já que ninguém ressonou. Acordei cedo para um passeio um pouco maior pela cidade, aproveitando a luz matinal para tirar algumas fotos e voltar a constatar que se trata de uma cidade bonita mas com pouca exploração turística, e sem a vida de uma grande cidade europeia.

Ao fim da manhã peguei no carro para voltar a atravessar a Bélgica no sentido inverso, para chegar a Lille. Parei para almoçar e visitar Tournai, a vila mais antiga da Bélgica, cujas principais atracções são a catedral de notre-dame do estilo romanico e gótico, e a torre de vigia ("belfry"), a mais antiga da Bélgica. Ambas se encontram catalogadas como património da UNESCO, apesar de eu não perceber muito bem porquê. Foi um passeio de cerca de 2h, vendo os sítios principais antes de seguir para Lille, a cerca de 30km daqui.

Lille é outra história, também tem uma importante parte histórica mas é fundamentalmente uma grande e importante cidade industrial e ponto de paragem dos camiões de mercadorias (é a 4ª maior zona metropolitana francesa). Cheguei e fui directo para o hotel, comi e deitei-me. Na segunda-feira o dia foi todo passado em reunião. Após a mesma, e durante o tempo que tinha antes do jantar aproveitei para passear pela cidade. Muita gente nas ruas ainda iluminadas nataliciamente, mais uma catedral e um igreja visitadas, além de alguns edíficios interessantes, como a ópera, a camara e o museu de belas-artes. Juntei-me ao pessoal para jantarmos numa cervejaria bastante catita. Para minha surpresa por aqui a gastronomia não é predominantemente francesa. A cerveja belga é mais popular que o vinho, e os canards, foie-gras e queijos são substituidos por choucrutes e salsichas. Vim depois a saber que Lile, tal como Tournai e outras terras aqui da zona pertencem à chamada Flandres Romantica, notando-se bastantes semelhanças não só na comida mas também na arquitectura e cultura.

No último dia a reunião acabou ainda antes do meio-dia e como só tinha voo às 19h tinha algum tempo para fazer turismo. A idéia inicial era passar o tempo em Lille mas o tempo estava horrível. De improviso resolvi pegar no carro e ir até Amiens, mais uma vila histórica famosa por uma catedral (!), pelas minhas contas 70km a sul de Lille. Mas as minhas contas não estavam lá muito correctas e os 70km eram afinal 130, o que fez com que a minha visita fosse de cerca de 1/2h, tempo para ver a tal catedral e regressar full-speed, pois além dos 130km até Lille ainda tinha de fazer outros tantos até ao aeroporto de Bruxelas. Com o tempo a escassear e o trânsito a se adensar, stressei um pouco, mas no fim consegui chegar a tempo de entregar o carro, fazer o check-in e ainda ter tempo para comer algo antes de embarcar.

Foram 4 dias intensos, estive em 4 países (5 com Portugal), visitei 5 cidades, praí uma dúzia de catedrais e igrejas, conduzi cerca de 1000km (sem nunca me perder o que para mim é inédito, obrigado viamichelin) e pelo meio ainda tive 1 dia e meio de reunião, que foi o que me pagou a viagem...

4 Comments:

Blogger Continuaranónimo/a said...

coltar? ou voltar... ;-)

Ganda Maluco!!!

Ps: As fotos são tuas? ou emprestadadas da net?

1:31 AM  
Blogger Zozobra said...

Corrigido o erro, sra. prof.

Se as fotos sao minhas? Claro que sao... Q merda de insulto e' esse?

9:44 AM  
Blogger Eva Gonçalves, PhD Sociology said...

Continuo a achar que a tua male se diverte mais do que tu

7:14 PM  
Blogger Eva Gonçalves, PhD Sociology said...

Era mala :P

7:15 PM  

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