Wednesday, February 21, 2007

3 Gipsies na Austria

Quando eu e o Nuno P. chegámos ao aeroporto de Viena já lá estava o Luís V. e o nosso anfitrião, o Ortwin. Por termos todos viajado com bilhetes prémio, eu e o Nuno voámos pela Lufthansa e o Luís voou pela Alitalia, que por gentileza lhe deixou as malas em Milão.

Os 3 gipsies, nome carinhoso que nos foi dado pelo nosso anfitrião devido às nossas feições de tez mediterrânica, estavam de novo juntos depois de em Junho de 2006 terem feito parte do famoso gang dos Pirinéus que durante uma semana desbravou as zonas mais inóspitas de Ordesa. Como retribuição, o Ortwin passou a ser chamado de "dear austrian nazi".

Na sexta decidimos ficar por Viena até ao fim da tarde a ver se a mala chegava. Viena (ou melhor o seu centro) é imponente, fruto de durante muito tempo ter sido a capital do império austro-húngaro (e também devido a ter sido poupada aos bombardeamentos durante a 2ª guerra mundial). A toda esta opulência juntam-se os vienenses que devem ser o povo mais vaidoso do mundo. Mesmo sendo sábado à tarde toda a gente se veste como se estivessem a caminho de um baile de gala, eles com os seus fatos italianos e elas carregando às costas verdadeiros zoológicos. Isto sem contar com a quantidade de ferraris, mercedes e outros carros de luxo que povoam as ruas.

Em 3 ou 4h fizemos o que a maioria dos turistas (que eram muitos nesse dia) fazem... passeámos pelas avenidas ladeadas de edifícios imperiais, vimos igrejas e catedrais, bem como palácios... e pagámos uma exorbitância por um sachertorte e um melangé (bolo de chocolate e café com natas) no hotel Sacher.

A Alitalia continuava sem mandar as malas ao Luís, por isso decidimos ir à mesma para as montanhas. Os 250km entre Viena e Vocklabruck passaram rapidamente, connosco ora trauteando o tema da música no coração, ora inventando letras de fado (em inglês), ora falando dos três temas que nos acompanhariam o resto da viagem: balls like church bells, virgin girls in heaven ou a roupa interior de 3 dias do Luís V. O facto do Audi A4 do Ortwin nunca ter baixado dos 150km/h também ajudou.

No domingo saímos do hotel cedo segundo os padrões do Ortwin (11 da manhã) para um trekking junto ao lago Attersee, na região de Salzkammergut, famosa pelas suas paisagens edílicas que serviram de cenário para o filme "Música no Coração". Começámos a caminhar com uma temperatura fria (praí 4ºC) mas à medida que íamos subido esta ia aumento devido a um vento quente que em alemão se chama foen, a tal ponto que quando chegámos aos 1033m do Schoberstein (600m acima de onde começámos) deviam estar cerca de 15ºC. Durante uma hora estivémos deitados na rocha com uma panorâmica de 360º sobre o lago e as montanhas. Indescritivel.

Como nós, dezenas de austríacos aproveitaram o bom tempo para um passeio pela natureza, aproveitando para nos desejar um Gruss Gott ou um mais simples e ateu Allo quando nos cruzávamos no trilho. Descemos de novo para junto do lago, a tempo de comermos uma sopa e bebermos uma cerveja, irmos tomar um banho ao hotel e ir jantar.

Tentar jantar nesta zona depois das 20h é uma aventura pois quase tudo está fechado. Aliás, este país tem um rigor com os horários um pouco estranho. Às 6 da tarde todas as lojas fecham e ao Domingo nem abrem. Pubs fecham quase todos às 23h, e mesmo as bombas de gasolina fecham à meia-noite. Pelo menos aqui as pessoas não perdem os fds em sítios tipo Colombo.

Lá encontrámos um restaurante típico, com os donos vestidos segundo as tradições locais, ele de calções com suspensórios, socas e o chapéu com a pena, e ela com um vestido mais que piroso. Mas muito simpáticos, abriram a cozinha para nós e ainda nos ofereceram um schnapp no fim do jantar. Muito se fala da pouca hospitalidade e até alguma xenofobia por parte dos austríacos em relação aos estrangeiros. Acredito que assim seja, mas como turistas fomos sempre bem tratados. As pessoas, principalmente nas zonas rurais e tal como em todos os países da europa central e de leste são frias e pouco simpáticas, mas correctas. Gente rude do campo, como alguém diria...

No dia seguinte continuámos na região. Desta vez fomos até à vila de Gmunden, junto ao lago Traunsee, onde fizémos um passeio mais leve junto ao lago. Apesar do dia ter nascido um pouco cinzento foi um passeio muito bonito numa paisagem envolta numa névoa que dava um misticismo encantador. Passeámos um pouco por Gmunden, comemos qualquer coisa e regressámos a Viena.

A comida na Austria não é grande espingarda, muito à base de carne e sopas extremamente pesadas, cheias de natas. Dizer que o prato mais famoso é o Wiener Schnitzel, que não passa de um bife de porco ou vaca panado, justifica logo a minha tese. Felizmente existem imensos restaurantes com excelente comida contemporânea, tal como o que comemos na última noite em Viena. A salada de lulas e o macarroni com gambas estavam estupendos.

Terça-feira, tempo de queimar os últimos cartuxos em Viena. Além de uma cidade histórica, Viena é funcionalmente muito boa, com todos os transportes públicos a funcionarem e a interligarem-se muito bem. E por 4€ para um bilhete de um dia, não se pode considerar cara. Outro exemplo é o CAT (City Air Terminal), que nos permite no centro da cidade fazer o check-in (incluindo malas) para os voos da Star Alliance. Pudemos assim nos livrar da mala logo de manhã, passearmos o dia todo e apenas termos de estar no aeroporto meia hora antes do voo. Perfeito.

Para terminar a nossa visita fomos visitar o Schloss Schonbrunn, o Versalhes cá do sítio, muito bonito mas que no Inverno perde muito da sua cor pelos seus jardins estarem despidos de flores e as fontes sem água. Depois fomos ao Belvedere ver uma grande exposição de um gajo chamado Klimt, que devia fumar umas cenas muito maradas para fazer os quadros que fazia. Depois de almoçarmos num restaurante oriental, deambulámos mais um pouco e apanhámos o comboio para o aeroporto para voltarmos a Portugal. Carnaval mais interessante não podia ter tido...

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