Wednesday, February 06, 2008

Partida de Carnaval

Mais uma viagem a Toulouse, a quinta ou sexta em menos de um ano, esta com a particularidade de ser na terça feira de Carnaval. Tudo começou bem, fui deixar o carro à empresa e fui até ao Vasco da Gama almoçar. Com o meu fato num dia feriado parecia tão mascarado como os zorros, ninjas e cowboys que por lá andavam. Almocei, comprei um livro e ia alegremente a conversar buscar a mala ao carro quando schloppp, piso uma poça de lama (ou seria cimento, nem sei) e pronto, sapatos e calças do fato todos cagados. Um gajo quer ser inteligente, leva o fato vestido para não o enrugar, e depois esquece-se de olhar para onde anda.


Apanho o táxi (com um cheiro a sovaco impressionante, o táxi entenda-se) e lá vou para o aeroporto. Check-in, balcão de revistas, raio-x e perto das 14h15 já estou sentadinho junto à gate 16A, com menos de 1h para queimar até ao voo. Aproveito para passar um pouco de água nas calças, o que ajudou a disfarçar a sujidade (fatos pretos tem sempre vantagens). Pouco depois da hora prevista lá embarcamos, apanhamos o autocarro até ao Embraer da Portugália, de seu nome "Melro". Sento-me no avião, com um francês mal cheiroso ao meu lado (não são quase todos?) e começo a ler o meu jornal. O avião começa o táxi, vai até ao início da runway e para. Depois de 10min lá parados a hospedeira lá diz que o avião tem um problema técnico e tem de retornar ao seu parking slot. Passados mais 20min (entretanto o avião estava a bloquear a runway) lá vem o rebocador para levar o avião. Com o avião parado ainda ficámos lá dentro mais 20min na esperança que o problema fosse de resolução fácil. Não era, e lá tivemos de
regressar à gate 16A. Eram perto das 17h e na gate dizem-nos que informações só às 17h45. Já estava com alguma fome, aproveitei para usufruir do meu estatuto de viajante frequente TAP (ou masoquista frequente, começo eu a pensar) e fui enfardar comida e bebida pro Lounge. Volto à hora da info para ouvir outro assistente de terra dizer-nos para irmos para a gate 14A. Lá vai a comitiva de cerca de 20 pessoas até à referida gate para ouvir que mais informações só as 18h15. Às 18h15 a porta é invadida por dezenas de pessoas que iam embarcar, mas para Madrid, logo percebemos que ainda não seria dessa. Mandam-nos para a gate 15A para aguardarmos informações às 18h30. Por esta altura já o pessoal todo estava possesso, aos gritos com a assistente e com os slogans habituais "É a última vez que viajo na TAP", "Isto só em Portugal é que acontece" e afins. Agora já nem updates nos davam, e também já ninguém os perguntava. Finalmente por volta das 19h15 dizem-nos que vamos embarcar, na porta 16A. Por volta das 19h45 entramos no mesmo avião de onde tínhamos saído 3h antes, e pelos vistos o problema técnico (que se veio a saber era no trem de aterragem) estava resolvido. A viagem até Toulouse decorreu sem mais incidentes. Pelo caminho 5 horas de atraso e uma incompetência quase surreal por parte de quem nos andou a fazer passear de gate em gate e nem um copo de água nos deram.

Chego a Toulouse, levanto o carro na Avis, outra vez um Opel Corsa (isto não é a terra dos Renaults e Citroens?) e quando tento por o GPS a funcionar simplesmente não liga. Ainda tou a tentar perceber o que se passa com aquela porcaria. Um pouco às cegas, tentando-me lembrar da última vez que estive no mesmo hotel lá começo a conduzir sem a voz sexy a dizer-me "saia na sáida". O meu sentido de orientação não me traiu e lá consigo dar com o hotel sem quaisquer problemas.

Saio do carro, tiro as malas, e bato com a cara na porta da recepção. Porta fechada, não há campainha. Ao lado da porta está uma máquina de check-in automático no hotel. Começo a interagir com a máquina, pede-me um código, olho pro voucher do hotel, népia de código. Algures no voucher estava sim a seguinte nota: "Caso o cliente tenha previsto chegar depois das 23h, deverá telefonar antes para o hotel para que lhe facilitem o código para aceder ao seu quarto". Era perto da meia noite e eu não tinha telefonado. Isto não estava a correr bem. Lá encontrei um número de telefone, e já com pouca esperança lá digito o número. Passado um minuto atende-me uma rapariga em francês com voz de sono. Lá me tento fazer entender (ela não falava inglês como é óbvio), digo o meu nome várias vezes e ela diz qualquer coisa que eu percebi como sendo "vou já aí". Lá fiquei à espera, os minutos a passarem e eu a congelar (estavam 2 graus e eu de camisa e fato de verão apenas). Passados 10 min lá me aparece a tal rapariga (deve-se ter tado a vestir) e entrega-me a chave. Lá entro no quarto, deito as coisas pro chão e deito-me um bocado a ver se afasto esta maldição de Carnaval...