Wednesday, August 01, 2007

Autonomia no Gerês


Pitões das Júnias, 11h da manhã de sábado. Depois de 4h de sono (por nos termos perdido a caminho do gerês na noite anterior) e uma viagem enjoativa de 1h30 desde o parque de campismo de Cerdeira, estava com a cabeça feita em água e só queria era por-me a andar. Foi isso que fizémos, todos os 13 que estávamos destinados a passar o fds juntos, incluindo TóZé, o nosso guia, homem do norte e famoso pela sua apendicite a 6000m no Nepal.

Saindo da civilização começámos a andar por um caminho bastante arborizado mas rapidamente chegámos a uma zona mais árida, onde a principal vegetação é a irritante carqueja e o granito é uma constante. Uma paisagem um pouco diferente do que normalmente se associa ao Gerês, mas na minha opinião fantástica, com excelentes vistas e (ainda) bastante virgem. Depois de almoço passámos para a outra face do monte e a vegetação aumentou substancialmente, sendo em muitos casos necessário abrir caminho através das silvas e dos fetos, muito à custa das minhas pernas, pois ao decidir fazer o caminho de calções, estava a pedir para ficar com centenas de arranhões. Foi também numa ingreme descida através de fetos de cerca de 1m de altura que pus o pé mal e acabei por sofrer um pequeno entorse, que me viria a acompanhar o resto do fds.
Com o pé a doer bastante e os ombros também, por já estarem desacostumados de carregar com uma mochila de 10kg, chegámos ao lugar de pernoita junto a um riacho, num lugar de pastagem. Muita bosta de garranos e de gado mas animais nem os ver, apenas algumas vacas a mugir à distância a cortar o silêncio da noite.

À noite muita animação e conversa interessante, o grupo era todo muito fixe, a maioria velhos companheiros de caminhada a algumas caras novas mas com o mesmo bom espírito. Muito frio e humidade também, e para combater isso nada melhor que uma bela fogueira, umas garrafas de vinho e chouriço assado. 4 resistentes ficámos até as tantas a nos tentarmos aquecer à custa do vinho e da fogueira, antes de termos coragem de ir para dentro dos saco-camas completamente encharcados, adormecer a ver os milhares de estrelas que um céu completamente limpo permitia vislumbrar.

De manhã acordámos ainda com algum frio, e no meu caso quase sem conseguir andar pois o meu pé estava um bocado inchado e a anestesia (leia-se vinho) tinha deixado de fazer efeito. Um anti-inflamatório, uma ligadura e o resto do caminho a ganir sempre que punha o pé mal era a única solução.

O percurso deste segundo dia começou com uma subida acentuada até aos carris, uma antiga mina de volframio a 1400m de altura, com vista sobre a "Lama Longa", um muito bonito vale. Após os carris, o caminho passa a estradão e começa a descer através de um canyon muito bonito mas que parecia que nunca mais acabava. Foram três horas a andar num caminho cheio de pedras, e muitas vezes o meu pé se queixou. Este caminho desemboca na mata da albergaria, junto à estrada que serve de romaria para quem gosta de conhecer a natureza no conforto do carro. A partir dessa estrada ainda faltava cerca de 1h a andar até ao parque de campismo, mas devido a estarmos bastante atrasados e a quantidade de carros por em causa a nossa integridade física, fizémos o resto do percurso de carro.

Para terminar um bom almoço, despedidas e uma viagem de regresso a Lisboa, bastante cansados mas após passarmos um excelente fim de semana.

Fotos em: http://lbaia.fotopic.net/c1339712.html